No coração, tudo pode voar. E tudo pode voltar.

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Nos menores frascos é que estão os melhores venenos

Chaveirinho me apareceu num momento dramático da vida. Numa festa, álcool na cabeça e um coração doído. Gostei e não foi pouco. Depois de um desespero súbito de não termos trocado telefone, o Santo Facebook concedeu um milagre de lembrar seu sobrenome.

Encontro marcado, e de esperança na bolsa, lá fui tentando lembrar o rosto do cidadão. Eis que os dois desceram do carro e eu, de salto super baixinho, olhei pra ele de cima: sim, ele era mais baixo que eu. Mais baixo que eu, que amava ser pegado pelo colo, que adorava um homem grande pra meu pendurar no pescoço. Mas o papo fluiu, e o interesse aumentou inversamente proporcional ao tamanho dele.

Eu tentava me reafirmar com as minhas amigas, mostrando só a foto de perfil dele, que de fato fazia sucesso. Num dia, no meio da roda de meninas, elas constataram que eu e Chaveirinho já estávamos namorando. Aquele “namoro” guela  abaixo não me deixou dormir. Botava na balança o carinho que ele me dava versus meus irmãos rindo de mim por estar namorando um tartaruga ninja na ceia de natal. Pensei na situação enquanto torrava minha grana em sapatilhas e rasteirinhas de todos os estilos.

Daí, numa bela semana, Chaveirinho entrou numa nave e partiu pra Júpiter. Não ligava e não atendia. Simples assim. Não foi minando... num dia eu estava no céu e no outro terra, e caí de cara. Quando finalmente e por minha insistência idiota consegui contato com o espaço sideral, o astronauta Chaveirinho disse que não era a pessoa certa pra mim, que estava muito solto no mundo e indisponível pra namorar.

Deu vontade de vomitar palavras escrotas pra ele, pra quem na verdade eu estava fazendo caridade... Porque foi ELE quem marcou viagens, que me levou em casa pra conhecer os pais, que me buscava no trabalho pra almoçar.

Mas sabe, estar com a razão não faria ele ficar comigo. Entende? Mesmo sabendo o quão idiota ele estava sendo, minha argumentação não iria arrancar dele um pedido de desculpas e rosas na minha mesa no dia seguinte. Ele era um babaca, e os babacas, você sabe...

Chorei muito. Mesmo. Porque tomar um fora de um homem mais feio que você (leia-se mais baixo) é muito pior que de um gatão. Sua auto-estima fica detonada. Você fica perguntando: “Se eu perdi pra ele, vou empatar com quem?”. É foda.
Eis que o mundo, vocês sabem, é redondíssimo. Mesmo sendo levemente achatado, passei por uma fase chata, mas ele girou. Numa festa, mega produzida, sou abordada pela criatura, ele mesmo, com todo seu tamanho.

Chaveirinho me achou linda, e, eu, achei ele baixo. Como sempre. E por sorte dele, eu estava sapatinho baixo. Falou do meu perfume, falou da minha boca. E eu? Falei da minha casa nova, do meu carro novo, do meu retorno pro Brasil. Se pudesse, tinha até falado que ganhei na mega-sena pra que eu queixo dele caísse de vez no chão. É Chaveirinho, a sua brincadeira de “troco uma escova de dente por uma gata” foi um fracasso.

O que leva um cara a dar um fora fenomenal em uma garota que ele estava curtindo? Porque estava mesmo. Ligava sempre, pagava a conta, deixava escolher os lugares, mandava mensagens fofas.

Sabe o que é? Mente fraca. Os homens preferem estar na vibe dos amiguinhos, indo pra lá e pra cá nas baladas do que preso num relacionamento. É o lance do nextel... (dizem que ter um nextel e namorada, só é legal se seus amigos também tiverem).
Tadinho, pagou caro. Exatamente um ano depois, os amigos agora não parecem ser tão legais e repetem as mesmas historias. E ele queria estar comigo.

Mas nós mulheres somos vingativas. Quando ele veio, minha autodefesa já tinha criado uma lista muito grande de defeitos nele. Defeitos que nem mais 40cm poderiam corrigir. Eu disse vingativas? É lógico que não dei o fora logo de cara. Dei o telefone denovo, e nem anotei o dele. E quanto mais eu desmarcava, mais convites ele fazia. E o nível dos convites melhoravam. Começou com um barzinho, passou para um sushi e terminou com um fim de semana em Buenos Aires. Mas ainda não terminou. Porque até agora eu estou dando corda no MSN. 

Quando o convite chegar em férias na Europa, eu paro. E vai terminar assim: “Chaveirinho, nem sei como te dizer, mas há uns 2 dias que eu fiquei com alguém muito especial e estou gostando dele, por isso não poderemos sair, mas vamos manter a amizade, ok?”.
Má, pero no mucho.


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